Por que falamos com os bebês da maneira que falamos?

A maneira como os cuidadores conversam com os bebês pode ser bastante peculiar. Eles podem mudar os sons da linguagem, exagerando nas entonações ou aumentando o timbre da voz (como depois de inalar hélio de um balão). Ou podem mudar as palavras que usam, como dizer “gatinho” em vez de “gato”. Ou podem mudar a estrutura da frase, falando em frases simples ou repetindo algumas partes. Essas mudanças vão além da linguagem verbal ou de sinais. Os cuidadores podem mudar sua linguagem não verbal ou gestos corporais; por exemplo, podem se inclinar em direção a uma criança e tocá-la enquanto falam ou podem fazer expressões faciais exageradas enquanto sinalizam.

Essas mudanças fazem parte de um fenômeno mais amplo de como adaptamos nossa fala e nossas ações aos outros. Por exemplo, a maneira como falaríamos com nosso chefe geralmente é bem diferente da maneira como falamos com nosso vizinho tagarela. Ou, talvez você tenha notado que reutiliza palavras ou expressões que seus amigos usam.

Existem muitas razões para adaptarmos nossa fala, como fazer com que as pessoas nos entendam melhor ou gostem mais de nós. O ponto importante a ser lembrado é que há muitas maneiras de se adaptar. Pessoas diferentes adaptam sua fala a um bebê de maneiras diferentes e, às vezes, essas adaptações podem ser difíceis de perceber. O mais importante é falar com o bebê da maneira mais confortável para você!

Na próxima semana, exploraremos todas as diferentes maneiras de adaptar a fala para um bebê e como essa maneira pode depender do próprio bebê ou do idioma que ele está aprendendo!

Adicionamos algumas gravações de fala dirigida a um bebê e de fala dirigida a um adulto para que você possa comparar por si mesmo! (As gravações são em inglês).

Fala dirigida a um bebê.
Fala dirigida a um adulto.

As fontes científicas deste quadrinho:
Chong, S. C. F., Werker, J. F., Russell, J. A., & Carroll, J. M. (2003). Three facial expressions mothers direct to their infants. Infant and Child Development, 12(3), 211-232.

Fernald, A., & Simon, T. (1984). Expanded intonation contours in mothers’ speech to newborns. Developmental Psychology, 20(1), 104-113.

Kuhl, P. K., Andruski, J. E., Chistovich, I. A., Chistovich, L. A., Kozhevnikova, E. V., Ryskina, V. L., … & Lacerda, F. (1997). Cross-language analysis of phonetic units in language addressed to infants. Science, 277(5326), 684-686.