Será que falamos com os bebês da mesma forma no mundo todo?

Nós ajustamos nossa fala de ocasião em ocasião, dependendo da situação. Imagine apresentar-se em uma entrevista versus apresentar-se a amigos de amigos em uma festa. A maneira como falamos com os bebês também varia muito de um lugar para outro e até mesmo de um bebê para outro!

Em algumas comunidades, muitos cuidadores tendem a usar palavras diferentes quando falam com um bebê. Por exemplo, em japonês, há um conjunto completo de “palavras de bebê”, que são usadas em vez de “palavras de adulto” quando se fala com bebês. A palavra japonesa para “cachorro” é “inu”, mas a palavra usada para dizer “cachorro” aos bebês é “wan wan”!

Em outras comunidades, como as de falantes de javanês da Indonésia, muitos cuidadores falam normalmente com as crianças e não simplificam a fala quando se dirigem a crianças pequenas. Os cuidadores imergem as crianças desde o primeiro dia na infinidade de maneiras de se dirigir a diferentes falantes, dependendo de seu status social.

E em algumas outras comunidades, é até incomum para os cuidadores falarem diretamente com os bebês pequenos, como observado em um vilarejo de Samoa.

Mesmo dentro de uma mesma cultura, a maneira como os cuidadores falam com os bebês pode ser muito diferente. Os cuidadores geralmente adaptam sua fala ao bebê que está à sua frente. Quando o bebê é mais novo e conhece poucas palavras, os cuidadores podem falar com frases mais simples. Depois, quando o bebê fica mais velho e aprende mais linguagem, os cuidadores podem usar sentenças mais complicadas (esse exemplo é do inglês). Um outro exemplo é que quando um bebê tem um dispositivo de assistência auditiva (como um aparelho auditivo, implantes cocleares, etc.), os cuidadores tendem a falar mais alto com ele.

Há muitas maneiras diferentes de se conversar com bebês e, ainda assim, os bebês no mundo todo adquirem suas línguas nativas. Não existe apenas uma receita de como falar com um bebê. Fale com bebês de acordo com a sua receita pessoal: o mais importante é falar da maneira que se sentir mais confortável!

As fontes científicas deste quadrinho:

Bergeson, T. R. (2011). Maternal speech to hearing-impaired infants in the first year of hearing aid or cochlear implant use: A preliminary report. Cochlear Implants International, 12(sup1), S101-S104.

Ochs, E., & Schieffelin, B. B. (1984). Language acquisition and socialization: Three developmental stories and their implications. In R. Shweder & R. LeVine (Eds.), Culture theory: Essays on mind, self, and emotion (pp. 276-320). New York, NY: Cambridge University Press.

Roy, B. C., Frank, M. C., & Roy, D. K. (2009). Exploring word learning in a high-density longitudinal corpus. In N. Taatgen & H. van Rijn (Eds.), Proceedings of the 31st Annual Meeting of the Cognitive Science Society (pp. 2106-2111). Amsterdam, NL: Cognitive Science Society.

Smith-Hefner, N. (1988). The linguistic socialization of Javanese children in two communities. Anthropological Linguistics, 30(2), 166-198.